quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Trabalho de História

O Ludismo é o nome do movimento contrário à mecanização do trabalho trazida pela Revolução Industrial. Adaptado aos dias de hoje, o termo ludita (do inglês luddite) identifica toda pessoa que se opõe à industrialização intensa ou a novas tecnologias, geralmente vinculadas ao movimento anarcoprimitivista.

As reclamações contra as máquinas e a sua substituição em relação à mão-de-obra humana, já eram normais. Mas foi em 1811, na Inglaterra, que o movimento estourou, ganhando uma dimensão significativa.

O nome deriva de Ned Ludd, personagem criada a fim de disseminar o ideal do movimento operário entre os trabalhadores. Os luditas chamaram muita atenção pelos seus atos. Invadiram fábricas e destruíram máquinas, que, segundo os luditas, por serem mais eficientes que os homens, tiravam seus trabalhos, requerendo, contudo, duras horas de jornada de trabalho. Os luditas ficaram lembrados como "os quebradores de máquinas".

Para além de histórico, este termo representa também um conceito político, usado para designar todos aqueles que se opôem ao desenvolvimento tecnológico ou industrial. Estas pessoas são também chamadas de "luddites" ou "ludditas" e o movimento social é hoje conhecido como o neo-ludismo. Um exemplo de um autor que se identifica com esta designação é o Kirkpatrick Sale, que escreveu o livro "Rebels Against the Future".

Para o historiador Eric J. Hobsbawn. o ludismo "era uma mera técnica de sindicalismo no período que precedeu a revolução industrial e as suas primeiras fases".

Como aconteceu

Desenho publicado em 1812 mostrando trabalhadores comandados pelo lendário general Ned Ludd destruindo uma tecelagem

O Movimento Ludista teve o seu momento culminante no assalto noturno à manufatura de William Cartwright, no condado de York, em Abril de 1812. No ano seguinte, na mesma cidade, teve lugar o maior processo contra os ludistas: dos 64 acusados de terem atentado contra a manufatura de Cartwright, 13 foram condenados à morte e 2 a deportação para as colônias. Apesar da dureza das penas, o certo é que o movimento ludista não amainou, dado que os operários viviam em péssimas condições.

Repressão e declínio

O Ludismo enquanto prática de destruição de máquinas passou a ser cada vez mais hostilizado pelo patronato que recorreram aos parlamentos, visando a criação de leis mais severas para punir os envolvidos em revoltas. O Reino Unido que já possuía em sua legislação uma lei datada de 1721 que definia o exílio como pena máxima para a destruição de máquinas, em 1912 como resultado da oposição contínua a mecanização adotou o Frame-Breaking Act definindo a pena de morte para casos de destruição de máquinas.

A perseguição aos luddistas tornou-se implacável, com centenas de pessoas sendo presas e torturadas, dezenas de executados, conseguiu reduzir o movimento através do medo entre as camadas populares. Ao mesmo tempo a generalização do modo de produção industrial e a criação das primeiras trade unions (sindicatos) tornaram-se outros limitantes para o alcance e as possibilidades das revoltas luddistas, fazendo com que o ludismo entrasse em declínio em meados do século XIX.

Repercussão no Mundo

O ludismo não foi um fenômeno exclusivamente inglês, tendo-se registrado movimentos semelhantes na Bélgica, na Renânia, na Suíça e na Silésia.

Canção Ludista

"E noite trás noite, quando tudo está tranquilo
e a lua se esconde por detrás da colina
Nós marchamos para executar a nossa vontade
Com acha, lança ou fuzil
Oh meus valentes cortadores
Os que com um só forte golpe
rompem com as máquinas cortadeiras
O grande Enoch dirigirá a nossa vanguarda
Quem se atreverá a detê-lo?
Adiante sempre todos homens valentes
Com acha, lança e fuzil
Oh meus valentes cortadores..."

Outra Canção Ludista

"Brave ludits we are, for the breaking we come!"
"God save Ned Lud!"
"Machines to hell, we want our dignity!"
"Breaking is good, join us and save Europe!"
"Break! Break! Break or die working!"
"Monsters of industrialism, we want you broken!"
"Machines to the ground!"
"Crash! Crash! Bang! Bang! The sound of freedom these are!"
"Break one, break two, break three, break all! All!"


Tradução

"Bravos ludistas somos, para a quebra nós vamos!"
"Deus salve o Ned Lud!"
"Máquinas para o inferno, queremos a nossa dignidade!"
"Quebrar é bom, junte-se a nós e salve a Europa!"
"Quebre! Quebre ou morra trabalhando!"
"Monstros do industrialismo, queremos vocês quebrados!"
"Máquinas para o chão!"
"Bater! Bater! Bang Bang! esses são o som da liberdade!"
"Quebra um, Quebra dois, Quebra três quebra tudo! Tudo!"


Cartismo

O cartismo caracteriza-se como um movimento social inglês que se iniciou na década de 30 do século XIX. Inicialmente fundou-se na luta pela inclusão política da classe operária, representada pela associação Geral dos Operários de Londres (London Working Men's Association). Teve como principal base a carta escrita pelos radicais William Lovett e Feargus O'Connor intitulada Carta do Povo, e enviada ao Parlamento Inglês.

Naquele documento percebem-se as seguintes exigências:

  • Sufrágio universal masculino(o direito de todos os homens ao voto);
  • Voto secreto através da cédula;
  • Eleição anual;
  • Igualdade entre os direitos eleitorais;
  • Participação de representantes da classe operária no parlamento;
  • E que os parlamentos fossem remunerados.

Inicialmente as exigências não foram aceitas pelo Parlamento e um movimento rebelde teve início, através de comícios, abaixo-assinados e manifestações. Gradualmente as propostas da carta foram sendo incorporadas e o movimento foi-se enfraquecendo até sua desintegração.

É preciso ter em mente, no entanto, que o programa democrático radical do Cartismo não foi aceito pelos governantes e, num certo sentido, pode-se dizer que ele foi politicamente derrotado. Mas, apesar disso, os cartistas conseguiram mudanças efetivas, tais como a primeira lei de proteção ao trabalho infantil (1833), a lei de imprensa (1836), a reforma do Código Penal (1837), a regulamentação do trabalho feminino e infantil, a lei de supressão dos direitos sobre os cereais, a lei permitindo as associações políticas e a lei da jornada de trabalho de 10 horas.

No final da década de 1860 as reivindicações pleitadas pelo cartismo cabariam sendo incorporadas à legislação inglesa.

Em Portugal, o termo cartismo tem um significado diverso, designando a tendência mais conservadora do liberalismo que surgiu após a revolução de 1820, centrada em torno da Carta Constitucional de 1826.